A montagem do texto do espanhol Fernando Arrabal está ancorada sob a ótica do inconsciente, do onírico, do absurdo. E é nessa dimensão que se encontram as personagens, em um mundo desconfigurado. Fando e Lis são peregrinos, órfãos e sem abrigo, vagueando perdidos pela estrada que os levam a Taar, acreditando que finalmente encontrarão a felicidade. Porém, eles voltam sempre ao mesmo lugar, sem sequer ter a consciência de que o que os afasta de Tar não é uma distância geográfica, mas as dores, as amarras e violências.
LIS - Mas eu vou morrer e ninguém vai se lembrar de mim.
FANDO - Sim, Lis. Eu vou me lembrar de você e irei vê-la no cemitério com uma flor e um cachorro. E no seu enterro cantarei baixinho o refrão "Como é bonito um enterro, como é bonito um enterro", cuja música é muito engraçada. Eu o farei por você.
LIS - Você me ama muito.
FANDO - Mas prefiro que você não morra. Vou ficar muito triste no dia que você morrer.
LIS - Ficar triste? Por que?
FANDO - Não sei.